Venâncio Mondlane denuncia “Estado mafioso” e fraude eleitoral em Comunicação à Nação
Venâncio Mondlane, presidente da Aliança Nacional para um Moçambique Livre e Autónomo (ANAMOLA), proferiu este sábado (20), a partir da Província de Inhambane, uma contundente Comunicação à Nação, onde acusou o regime do Presidente Daniel Chapo de governar através de um “sistema mafioso”, de ter defraudado as eleições e de ser responsável pela repressão violenta que transformou protestos pacíficos em cenários de caos.
Mondlane enumerou uma série de alegados esquemas de corrupção que, segundo ele, minam o Estado:
• “Taxa de câmbio” na importação/exportação, desviando divisas;
• “Funcionários fantasmas” maioritariamente alocados nas Forças de Defesa e Segurança (FDS), sugando os cofres públicos;
• Despesas abusivas com viagens do Presidente da República;
• Extorsão por parte de jovens colocados em secretarias de Estado, que estariam a cobrar ilegalmente 5% dos empresários, alegando ser para “o Presidente”. Mondlane enfatizou que conseguiu desvendar esse esquema e seria uma honra revelar;
• Gestão opaca e imposição de IVA sobre serviços de carteiras móveis (M-Pesa, Mkesh, e-Mola), que são essenciais para a população sem conta bancária, agora supostamente “geridos pelas secretarias do estado”.
O líder da ANAMOLA centrou a sua crítica no processo eleitoral e na resposta às manifestações.“A população saiu às ruas em legítimo protesto por ter sido defraudada nas mesas de votação”, declarou. “O resultado anunciado não reflete a vontade popular, uma vez que o processo foi viciado pela manipulação de votos.”
Mondlane foi peremptório em inverter a narrativa oficial sobre a violência: “Foi a brutalidade da repressão policial que transformou manifestações pacíficas em cenários de violência.” Acusou o poder de, perante a sua “incompetência em resolver os problemas estruturais do país”, recorrer a uma narrativa que criminaliza o protesto.
Num ataque direto à figura presidencial, Mondlane afirmou que o regime “parece alimentar-se do caos por falta de uma agenda real de governação”. Reduziu o papel do Presidente Daniel Chapo a um mero continuísta, afirmando que “os projetos que agora se concretizam são heranças da governação de Nyusi”. A sua conclusão foi devastadora: “Daniel Chapo dificilmente trará a mudança necessária ou fará qualquer diferença perante o atual estado da nação.”

0 Comentários